Segundo especialista, as primeiras carnes artificiais devem chegar às mesas de restaurantes daqui a dois anos.
Por RFI
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2019/f/E/TA0xBoTJ2eg8H3HJCBhg/capa-3107.jpg)
O jornal Libération desta quarta-feira (31) traz matéria sobre o desenvolvimento da carne artificial — Foto: Fotomontagem RFI
O jornal francês “Libération” desta quarta-feira (31) destaca o papel fundamental que terão os laboratórios de fabricação de carne artificial. As proteínas cultivadas in vitro estão na mira dos investimentos de várias empresas e já evoluíram muito desde que o pesquisador holandês Mark Post apresentou ao mundo o primeiro hambúrguer feito em laboratório, em 2013.

A experiência, financiada por Sergey Brin, co-fundador do Google, foi resultado de 5 anos de pesquisa e surgiu a partir da reprodução de células-tronco bovinas, cultivadas e alimentadas com nutrientes em laboratório. Na França, uma startup começou a produzir o primeiro protótipo de foie gras artificial.
No mundo todo já são quase 40 startups investindo nessa tecnologia. A maioria está em países como Estados Unidos, Holanda, Alemanha, ou ainda Israel, um país marcado por uma forte pressão de ONGs de defesa dos animais. O jornal lembra que, por enquanto, essas empresas só divulgaram protótipos. Segundo Nathalie Rolland, especialista em agricultura celular e ex-pesquisadora da Universidade de Maastricht, as primeiras carnes artificiais chegarão às mesas de restaurantes daqui a dois anos, antes de chegar definitivamente aos supermercados.
A França não faz parte dos primeiros países a ingressar no setor, mas uma primeira startup acabou de entrar na corrida. Batizada de Suprême, ela montou seus escritórios no pólo de tecnologia da cidade de Evry, a 26 quilômetros de Paris.
“Vamos produzir o primeiro foie gras vindo da agricultura celular”, destacou Nicolas Morin-Forest, um dos três sócios da companhia. “As células utilizadas em nosso laboratório vieram de um só ganso. Precisamos de apenas três semanas para produzir um foie gras em laboratório, quando a forma tradicional leva três meses”, explicou o francês.
Fim do sofrimento animal
Nathalie Rolland lembra também que, para produzir as carnes artificiais, não é necessário matar nenhum animal. “É preciso somente extrair algumas células-tronco fazendo uma biopsia indolor para o boi, no caso da carne bovina”, explicou a especialista. O procedimento é o mesmo em outras espécies.
O jornal lembra que existe também o argumento ecológico e sanitário a favor da nova prática. A carne de laboratório não exige a necessidade de criações, nem o transporte e abate de animais. A agricultura celular poderia consideravelmente diminuir as emissões de CO2 na atmosfera vindas da criação tradicional de animais. “O maior controle de produção poderá também diminuir os riscos patógenos, como a presença de bactérias”, afirmou o economista Nicolas Treich.
Essa é também a avaliação do co-fundador da startup Suprême, Nicolas Morin-Forest. “Os produtos são fabricados em um ambiente controlado, longe de abatedouros onde os riscos de contaminação, por exemplo, pela salmonela, são grandes. Vale lembra que a carne artificial oferece as mesmas propriedades nutricionais que a tradicional, sem a presença de hormônios e nem antibióticos”, concluiu Nicolas.
ATENÇÃO: Comente com responsabilidade, os comentários não representam a opnião do Jornal Correio do Pantanal. Comentários ofensivos e que não tenham relação com a notícia, poderão ser retirados sem prévia notificação.