Gorilas da República do Congo — Foto: Wildlife Conservation Society
Cientistas ingleses observaram que grupos de gorilas têm uma estrutura social complexa, semelhante a dos humanos. Em um estudo publicado nesta terça-feira (9) pela revista “Proceedings of the Royal Society B”, sugerem que tal proximidade estaria fundamentada pelas raízes evolutivas das duas espécies.
Os pesquisadores da Universidade de Cambridge analisaram dados coletados durante seis anos na República do Congo que contemplaram a observação de grupos de primatas da espécie gorila-ocidental-das-terras-baixas (Gorilla gorilla gorilla).
As descobertas sugerem que o sistema humano de organização social pode ter origem em um ancestral comum que compartilhamos com estes mamíferos.
De acordo com a Teoria de Darwin, o homem e o macaco fazem parte da classe dos mamíferos e descenderam de um ancestral comum. Ao longo da evolução, homem e macaco foram sofrendo alterações e se adaptando às modificações ambientais.
Família gorila
Os gorilas vivem em pequenas unidades familiares que podem ser formadas por um macho dominante e fêmeas com suas crias, ou machos “solteiros” que vivem sozinhos. O estudo se apoiou em algoritmos estatísticos para revelar padrões de interação entre grupos familiares e indivíduos.
Jovens gorilas descansam e socializam após refeição — Foto: Wildlife Conservation Society
“Estudar a vida social de gorilas pode ser bastante difícil”, disse em nota a autora do estudo, Robin Morrison. “Estes animais passam a maior parte da vida dentro de florestas densas e podem demorar anos a se acostumar com a presença humana.”
Ao analisar a frequência e duração das associações entre os primatas, os pesquisadores encontraram camadas sociais que até então não estavam bem determinadas: além da família imediata, se registrou uma interação regular (uma média de 13 gorilas) que integram uma “família estendida dispersa” -em termos humanos tradicionais: tios, avós e primos.
Vizinhança na selva
As equipes de pesquisa montaram plataformas de monitoramento para registrar a vida dos primatas em clareiras onde os animais se reúnem para se alimentar e acompanharam que os gorilas passavam tempo juntos uns aos outros sem ter ligação familiar direta, uma analogia às tribos e vilarejos das primeiras populações humanas.
“Se a gente for criar um paralelo entre essas associações, o tempo que eles passam na companhia de outros gorilas fora do seu grupo seria, em termos humanos, como uma relação de amizade”, diz a pesquisadora.
Três grupos de gorilas se relacionam pacificamente enquanto se alimentam no Parque Nacional de Nouabale-Ndoki, na República do Congo — Foto: Wildlife Conservation Society