Ricos infetados em festa de noivado no Brasil

Correio do Pantanal

4 abr 2020 às 21:31 hs
Ricos infetados em festa de noivado no Brasil
O Country Club fica na Praia de Ipanema
O Country Club fica na Praia de IpanemaFoto: EPA/Antonio Lacerda

Pedro Alberto de Orléans e Bragança é, como o nome indica, descendente do Império, na direta linha de Pedro II do Brasil, “o Magnânime”, filho de Pedro I do Brasil, IV de Portugal.

Noivou com Alessandra Fragoso Pires. Era 7 de março, a festa foi grande, mais de 70 convivas, da nata da linhagem e dos negócios europeus, muitos aterrados de jato, incluindo a mãe de Alessandra, vida em Londres. A mansão de Ipanema fez-se testemunha, a tarde continuou no vizinho Country Club do Rio de Janeiro, o reduto mais exclusivo do poder brasileiro, onde entra por votação secreta. Dois dias depois, algumas das testemunhas do noivado, não coincidentemente membros do clube, digladiaram-se numa assembleia geral com 270 pessoas que opôs novos a velhos, tradição a modernismo, enfim, o normal, entre beijos e abraços.BRASIL ULTRAPASSA OS 10 MIL CASOS E REGISTA 431 MORTOS POR COVID-19VER MAIS

Seria. Mas 7 de março era já crítico nas paragens europeias de onde voaram os convivas: Reino Unido, Bélgica, Itália. E EUA, também. Passadas três semanas de noivado, mais de metade testaram positivo para o coronavírus, três ainda lutam pela vida num hospital.

A história é contada pelo jornal “The Guardian”, britânico como a origem do famoso Country Club, datada de 1916. Que calcula em pelo menos 60 os membros infetados com Covid-19, de um total de 850 sócios de uma agremiação a que só podem pertencer 0,00041% dos brasileiros. A “socialite” Mirna Bandeira de Mello era uma das eleitas. A empresária milionária, septuagenária, é uma das vítimas mortais da pandemia. Foi inumada sem despedida, quando deveria ter milhares a assistir, por ser quem era, diz o filho, Christiano.

Ninguém quer ligar os eventos. Será uma infeliz coincidência. Oficialmente. Uma “proeminente” socialite ouvida pelo jornal garante que “várias pessoas saíram da assembleia infetadas”. “Grandes nomes do negócio estavam ali”.

O primeiro caso confirmado de coronavírus no Brasil, recorde-se, era de uma empregada de uma família abastada que regressara de férias numa estância de esqui. Morreu. Um casamento de celebridades numa praia exclusiva infetou uma série de nomes sonantes, incluindo uma estrela pop, uma atriz e a filha de um membro do Governo. Muitos convidados vinham de resorts de esqui, também. E a comitiva presidencial que foi aos EUA soma mais de 20 infetados com o vírus que veio de fora, levado pelos abastados e que hoje mina as camadas pobres.

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