A Corregedoria-Geral da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul abriu sindicância nesta segunda-feira para apurar a conduta de dois policiais presos pelo Setor de Investigações Gerais (SIG) da Polícia Civil na quintafeira, em Dourados, por suspeita de envolvimento com roubo a residência. Alan Dyones dos Santos Silva e Douglas Walker Davalo de Oliveira foram alvos de mandado de prisão preventiva. Os militares teriam agido com violência, feito as vítimas refém e as agredido. O caso é investigado em sigilo.
Segundo o coronel Voltaire Flamarion Garcia, corregedor da PM, os policiais foram afastados em razão da prisão, tiveram as armas recolhidas e podem ser submetidos ao Conselho de Sentença que pode decidir até mesmo pela exclusão. “É o seguinte contexto, foi aberta sindicância para apurar se o ato deles ofendeu a honra da PM. Dependendo do resultado deste processo, eles poderão ser encaminhados ao conselho de sentença”, afirmou o coronel.
Em nota, a Polícia Militar alegou que não compactua com o comportamento dos policiais. “Assessoria de Comunicação informa que ele estão detidos no presídio militar estadual desde quinta-feira (11), quando tiveram sua prisão preventiva decretada. De antemão a instituição não compactua com este tipo de conduta e que será aberto procedimento apuratório”.
Pelo menos 52 policiais, incluindo civis, militares e rodoviários federais, foram presos só neste ano em mato Grosso do Sul, no âmbito de operações como a Oikéticus, Laços de Família e Népsis, ou mesmo de forma isolada, por ligações com o crime organizado pelo recebimento de propinas para a facilitação de passagem de ilícitos por rodovias e estradas vicinais a partir das regiões de fronteira, especialmente com o Paraguai.
AS AÇÕES
Durante a Operação Nepsis, realizada pela Polícia Federal em setembro deste ano, 12 policiais foram presos, sendo quatro militares, dois civis e seis rodoviários federais. A organização investigada era especializada no contrabando de cigarros e contava, com a criação de uma sofisticada rede de escoamento de cigarros paraguaios pela fronteira do Mato Grosso do Sul, a qual se estruturava em dois pilares: sistema logístico de características empresariais, com a participação de centenas de pessoas exercendo funções de “gerentes”, batedores, olheiros e motoristas e, ainda, a corrupção de policiais para participação na estrutura criminosa.
Estima-se que, em 2017, os envolvidos tenham sido responsáveis pelo encaminhamento de ao menos 1.200 carretas carregadas com cigarros contrabandeados às regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste.
Pouco tempo depois, o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), braço do Ministério Público Estadual, executou a Operação Narco 060, destinada a investigar organização criminosa, tráfico de drogas, associação ao tráfico e corrupção ativa.
Na ocasião, foram cumpridos 25 mandados de prisão preventiva e 26 mandados de busca e apreensão em Campo Grande, Jardim, Bela Vista e Goiânia (GO). A investigação possibilitou a identificação de dois núcleos criminosos distintos: um estabelecido em Bela Vista e outro em Jardim. Ambos contavam com o auxílio de três policiais militares e um investigador da Polícia Civil, cuja participação era considerada indispensável ao êxito das atividades criminosas.
A Laços de Família, deflagrada pela Polícia Federal em junho deste ano em Naviraí e com 21 pessoas presas, colocou à mostra esquema chefiado por um subtenente da PM lotado em Mundo Novo.
A quadrilha tinha pessoas que atuavam, além de Mato Grosso do Sul, no Paraná, Goiás e São Paulo. O grupo “puxava” droga do Paraguai por vias terrestres, escondia em propriedades rurais da região Conesul e depois distribuía para todo o País.