Operação da Polícia Federal acontece em quatro cidades do Sul de MG (Foto: João Daniel Alves/EPTV)
A Polícia Federal realiza na manhã desta terça-feira (6) uma nova operação contra uma seita religiosa investigada desde 2011. A seita conhecida como “Comunidade Evangélica Jesus, a verdade que marca” é suspeita de manter fiéis em situação análoga à escravidão em propriedades rurais e empresas em Minas Gerais e Bahia, e ainda se apoderar de todos os bens das vítimas.
A Operação “Canaã – A Colheita Final” acontece com apoio do Ministério do Trabalho e cumpre 22 mandados de prisão preventiva, 17 mandados judiciais de interdição de estabelecimentos comerciais, além de 42 mandados de busca e apreensão.
Entre os alvos da operação estão investigados em pelo menos quatro cidades do Sul de Minas – Poços de Caldas, Pouso Alegre, Minduri e São Vicente de Minas.
Policiais estiveram na sede no Ministério do Trabalho em Poços de Caldas (MG) (Foto: João Daniel Alves/EPTV)
Os trabalhos também acontecem nas cidades de Contagem, Betim, Madre de Deus e Andrelândia (MG), além do estado da Bahia, em Ibotirama, Luiz Eduardo Magalhães, Wanderley e Barra, e São Paulo (SP).
Além de manter trabalhadores em condições de escravos, os líderes da seita religiosa são investigados por tráfico de pessoas, estelionato, organização criminosa, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.
Os líderes teriam aliciado pessoas na sede de uma igreja em São Paulo (SP). As vítimas foram induzidas a doarem todos os bens para a organização criminosa. Depois de trabalhos psicológicos e de doutrina, as pessoas eram levadas para centros de convivência em zonas rurais e urbanas de Minas Gerais, Bahia e São Paulo.
Nos locais, eram submetidos a trabalhos em estabelecimentos comerciais e lavouras sem remuneração. Com o trabalho escravo e a apropriação de bens das vítimas, os líderes viviam de patrimônios luxuosos e altos faturamentos.
Trabalhadores eram mantidos em fazendas e não recebiam salários (Foto: Reprodução/EPTV/Arquivo)
As investigações apontaram que o grupo conseguiu expandir investimentos para o estado do Tocantins, com exploração ilegal.
Com a terceira frase da operação nesta terça-feira, os investigados podem cumprir até 42 anos de prisão, em caso de condenação. Segundo a polícia, a operação é uma referência bíblica à terra prometida.
Operação “Canaã” em 2013
A seita começou a ser investigada em 2011, e os trabalhos resultaram na deflagração da “Operação Canaã” em 2013, quando a Polícia Federal, o Ministério do Trabalho e Emprego e o Ministério Público do Trabalho fizeram inspeções em propriedades rurais. As precárias condições de alojamento e trabalho foram denunciadas aos órgãos.
Na época, cerca de 800 integrantes da organização moravam em cinco fazendas em São Vicente de Minas e Minduri. Conforme as investigações da época, foi identificado um sofisticado esquema de exploração do trabalho humano e lavagem de dinheiro levado a cabo por dirigentes e líderes religiosos.
Dois membros da seita religiosa “Jesus a verdade que marca” foram presos por apropriação indébita de cartões do programa “Bolsa Família” e de aposentadoria durante a operação.
Operação “De Volta para Canaã” em 2015
Já em 2015, uma nova operação prendeu seis líderes da seita religiosa. Segundo a PF, o pastor que é um dos principais líderes da organização foi preso em Pouso Alegre (MG), e outras cinco pessoas, que formariam a cúpula da seita religiosa, foram detidas em Minas Gerais e Bahia.
Além disso, foram bloqueados bens que pertencem aos líderes da seita, entre eles 39 imóveis rurais em Minas Gerais e Bahia, além das contas físicas e jurídicas dos envolvidos.
Em 2015, Integrantes de seita foram levados para sede da Polícia Federal em Varginha (Foto: Ernane Fiuza/EPTV/Arquivo)