Dinheiro e armas apreendidos em casa de João de Deus — Foto: Murillo Velasco/G1
Uma operação da Polícia Civil apreendeu cerca de R$ 405 mil em moedas nacionais e estrangeiras na casa de João Teixeira de Faria, o João de Deus. O médium está preso suspeito de abusar de mulheres durante tratamento espiritual na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, no Entorno do Distrito Federal. A defesa dele nega as acusações.
Ao cumprir mandados de busca e apreensão na Casa Dom Inácio, na terça-feira (18), onde o médium realizava os atendimentos espirituais, na residência dele, também em Abadiânia, e na Casa da Sopa, na mesma cidade, os investigadores também apreenderam seis armas e diversas munições. Os armamentos, conforme a Polícia Civil, estão sem numeração e João de Deus não tem registro de posse de arma.
André Fernandes, delegado-geral da Polícia Civil, informou que a equipe responsável pelas investigações foi procurada pela Embaixada dos Estados Unidos da América (EUA), que disse querer contribuir. Segundo o investigador, eles receberam dados, que não foram divulgados, e têm interesse em saber se americanos foram vítimas do médium.
“Recebemos o contato da Embaixada dos Estados Unidos, em Brasília, que quer nos passar informações que receberam para descobrir se há vítimas norte-americanas. Ainda não fizemos este contato, porque precisamos ir até a capital federal, e isso deverá ser feito ainda esta semana”, disse o delegado.
Operação
A situação atual
- Ministério Público recebeu mais de 500 relatos de abusos sexuais
- Das mulheres que denunciaram caso ao MP, 30 já foram ouvidas
- Polícia Civil colheu depoimentos de outras 15 mulheres. Apenas 1 caso vai virar inquérito
- Há relatos de supostas vítimas de seis países e vários estados brasileiros
- Médium é investigado por estupro, estupro de vulnerável e violação sexual mediante fraude
- João de Deus está preso no Núcleo de Custódia em Aparecida de Goiânia
- MP e polícia também querem apurar denúncia de lavagem de dinheiro
- Não há pedido para suspensão do funcionamento da Casa Dom Inácio de Loyola
- Justiça negou o primeiro pedido de habeas corpus feito pela defesa do médium, que segue preso
Investigação
João de Deus teve a prisão decretada na sexta (14) a pedido da Polícia Civil e do MP-GO, que investigam os relatos de abuso sexual durante atendimento na Casa Dom Inácio de Loyola. No domingo, ele se entregou à polícia em uma estrada de terra em Abadiânia.
O médium prestou depoimento na noite de domingo, durante três horas. João de Deus afirmou à Polícia Civil que, antes de as denúncias de abuso sexual virem à tona, foi ameaçado por um homem, por meio de uma ligação de celular. Além disso, negou os crimes e que tenha movimentado R$ 35 milhões nos últimos dias.
Segundo o advogado Alberto Toron, o pedido de habeas corpus foi protocolado nesta segunda-feira (17). Em entrevista no domingo, ele citou como alternativas possíveis uma prisão domiciliar e o uso de tornozeleira eletrônica. Além disso, negou que tenha havido intenção de fuga.
O jornal “O Globo”, a TV Globo e o G1 têm publicado nos últimos dias relatos de dezenas de mulheres que se sentiram abusadas sexualmente pelo médium. Os casos vieram à tona no programa Conversa com Bial de 7 de dezembro. Não se trata de questionar os métodos de cura de João de Deus ou a fé de milhares de pessoas que o procuram.