
O candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, reuniu-se nesta quarta-feira (17) em São Paulo com representantes de várias igrejas evangélicas. Entre as quais: Batista, Metodista, Presbiteriana, Anglicana e Assembleia de Deus. Pastores declararam apoio ao candidato do PT, que assumiu um compromisso com os evangélicos em uma carta.
No texto intercalado por passagens da Bíblia, Haddad diz que “desde as eleições de 1989, o medo e a mentira são semeados entre o povo cristão contra candidatos do PT”.
“A legalização do aborto, o kit gay, a taxação de templos, a proibição de culto público, a escolha de sexo pelas crianças não constam de meu programa de governo”, afirmou.
Ainda no encontro, Haddad fez um discurso. Ele defendeu o estado laico, com liberdade de religião e de expressão.
“Num país tão desigual quanto o Brasil, o único projeto que eu concebo é um projeto que garanta a mais ampla liberdade para as pessoas, mais ampla, e em todos os âmbitos, todos os âmbitos, liberdade de se expressar, liberdade de se organizar, liberdade de abraçar uma religião, liberdade de dizer o que pensa”, disse.
“O estado não pode ser propriedade de uma religião, tem que abraçar todas”, acrescentou. O candidato do PT disse que o papel do governo é dar oportunidades iguais.
“Seja católico ou evangélico, seja judeu ou muçulmano, seja nordestino ou sulista, branco ou negro, homem ou mulher. Se nós criarmos condições para que todos possam se desenvolver, você vai descobrir pianistas, médicos, engenheiros, advogados, artistas, cantores, compositores em cada um de nós, porque todo mundo nasceu com talento pra desenvolver”, declarou.
Haddad também falou que é preciso reforçar o combate à corrupção. Para isso, disse que vai propor uma reforma do estado para endurecer as leis e os controles públicos.
Depois do evento, Fernando Haddad deu uma entrevista coletiva. Ele disse que, se for eleito, vai respeitar a lista tríplice do Ministério Público Federal na escolha do novo procurador-geral da República.
“Nós vamos respeitar a lista tríplice do Ministério Público para a escolha do procurador-geral da República. Foi uma conquista importante ao longo da história, acho que é uma cultura que deve ser mantida, ouvir a categoria, pra escolha do procurador-geral. De preferência, o mais votado. Mas sempre da lista tríplice”, afirmou.
O candidato do PT falou ainda sobre sua proposta para preservar o meio ambiente.
“Nossa proposta para a Amazônia é, por meio da regulação da terra, atingir o desmatamento zero. O Brasil tem terra suficiente para, pelo aumento da produtividade, gerar muito mais empregos, exportação e divisas”, concluiu.
Sérgio Moro
Também nesta quarta-feira, Haddad concedeu uma entrevista ao SBT. Ele foi indagado sobre como avalia a atuação do juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância. Ele disse que, em geral, o magistrado fez um “bom trabalho”, mas apontou ressalvas.
Uma delas relacionada à condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso do tríplex do Guarujá (SP).
“Em geral, ele ajudou [o Brasil]. Em relação à sentença do Lula, acho que tem um erro que vai ser corrigido pelos tribunais superiores, porque ele não apresentou provas contra o presidente”, disse.
Haddad também afirmou considerar que Moro soltou “precocemente” empresários envolvidos em casos de corrupção.
“Acho que o Sérgio Moro fez um bom trabalho, embora eu ache que ele tenha soltado muito precocemente os empresários, e liberado dinheiro roubado para esses empresários gozarem a vida. No geral, o saldo [da atuação de Moro] é positivo, mas há reparos a fazer”, concluiu.