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O Conselho Europeu se reúne nesta quinta-feira (21) para discutir se concede ao Reino Unido um adiamento do Brexit, permitindo que o país deixe o bloco no dia 30 de junho, em vez de 29 de março, como inicialmente previsto. A primeira-ministra britânica, Theresa May, viajou até Bruxelas para participar do encontro.
Para que a nova data seja aprovada, é preciso que todos os 27 integrantes da União Europeia concordem. Na quarta, data em que foi feito o pedido de May, o presidente do Conselho, Donald Tusk, disse acreditar que isso seria possível, desde que um acordo seja aprovado no Parlamento britânico.
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No entanto, alguns membros da UE demonstram insatisfação com o fato de a carta da premiê apresentar um pedido de extensão sem qualquer garantia de que até o fim desses três meses exista realmente um acordo aprovado ou nenhuma menção sobre o que poderia acontecer caso o dia 30 de junho chegue sem qualquer mudança em relação ao quadro atual.
Segundo o jornal britânico “The Guardian”, o ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian, disse nesta quarta ao parlamento francês que Paris está disposta a vetar o pedido nessas condições.
Le Drian disse que havia apenas duas maneiras de o Reino Unido deixar a UE: ratificando o acordo de retirada ou através de um Brexit sem acordo. Se o Parlamento não ratificar o acordo de retirada, “o cenário central é de um Brexit sem acordo”, disse, acrescentando ainda que “estamos prontos para isso”.
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De acordo com a BBC, também autoridades alemãs já afirmaram estar insatisfeitas com a proposta.
Já o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, falando antes mesmo de ter acesso à correspondência enviada por May, se mostrou cético em relação à possibilidade de a União Europeia chegar a uma decisão imediata.
“A minha impressão é… que esta semana no Conselho Europeu não haverá decisão, mas que provavelmente teremos que nos reunir novamente na próxima semana, porque a Sra. May não tem acordo para nada, seja no seu gabinete ou no Parlamento. Enquanto não soubermos com o que o Reino Unido concorda, não podemos chegar a uma decisão”, afirmou, também segundo o “The Guardian”.
Apelo na TV
Na noite de quarta-feira, May fez um pronunciamento na TV, pressionando o Parlamento britânico a aprovar seu acordo sobre o Brexit para que o Conselho Europeu possa concordar com a extensão do prazo.
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“Eu não estou preparada para atrasar além de 30 de junho”, afirmou, o que ampliou o debate sobre sua possível intenção de renunciar ao cargo caso a tentativa de adiamento falhe.
Segundo a imprensa britânica, é cada vez maior a pressão, principalmente dentro de seu próprio partido, o Partido Conservador, para que May deixe o cargo caso não consiga aprovar um acordo pela terceira vez consecutiva. Apesar disso, a primeira-ministra ainda afirma que não irá convocar novas eleições.
Sua situação, no entanto, deve se tornar ainda mais difícil após o pronunciamento, já que os diversos parlamentares reagiram de forma imediata e subiram o tom das críticas por se sentirem atacados. Em redes sociais, eles reclamaram da postura de May, acusando-a de jogar a opinião pública contra o Parlamento, atribuindo a falta de um acordo aos deputados para se eximir da culpa.
Acordos reprovados
Ainda não há uma data para que um terceiro acordo seja votado pelo Parlamento britânico, e também não se sabe qual será seu teor. Na segunda-feira, o presidente da Câmara dos Comuns, a câmara baixa do Parlamento, John Bercow, disse que os ministros não poderiam apresentar novamente a mesma proposta que já foi rejeitada duas vezes.
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A União Europeia, porém, diz que não irá discutir um novo acordo e que só aceita aquele que já foi aprovado por seus membros no ano passado.
O acordo original proposto por Theresa May, aprovado por Bruxelasem novembro de 2018, foi recusado pelo parlamento britânico em 15 de janeiro, por 432 votos contra e 202 a favor, a maior derrota do governo na história moderna – o recorde anterior era de 1924, com diferença de 166 votos.
Depois disso, o Parlamento aprovou duas emendas ao projeto: uma delas exigindo mudanças no que estava originalmente proposto para a fronteira da Irlanda com a Irlanda do Norte; e outra, consultiva, que “rejeita que o Reino Unido deixe a União Europeia sem um Acordo de Retirada e um Marco para o Futuro Relacionamento”.
A decisão sobre o que fazer com a fronteira física entre a Irlanda (integrante da UE) e a província britânica da Irlanda do Norte (integrante do Reino Unido) é um ponto que emperra a aprovação do acordo. A ideia é que o Brexit não prejudique o frágil Acordo de Paz de 1998 entre as Irlandas.
Em uma segunda votação, no dia 12 de março, uma nova proposta de acordo foi rejeitada. Foram 391 votos contra e 242 a favor.