EPA/REDUAN
Caso remonta a 2015 quando o marfinense Ali Ouattara foi acusado de colocar o filho numa mala de viagem para atravessar a fronteira de Ceuta. Foi apanhado pelo scanner e agora, três anos depois, pagou 92 euros
O homem marfinense acusado de colocar o filho dentro de uma mala para atravessar a fronteira de Ceuta, em 2015, foi condenado nesta terça-feira em tribunal a pagar apenas uma pequena multa, podendo assim toda a família viver em Espanha.
“Tudo acabou. Vamos recomeçar a viver, todos juntos, a minha esposa, a minha filha, o meu filho e eu”, respondeu Ali Ouattara, demonstrando alívio à saída da audiência.
A 07 de maio de 2015, numa das entradas da fronteira em Ceuta, uma mala que estava a ser carregada com muitas dificuldades por uma jovem marroquina foi submetida ao controlo das autoridades espanholas.
Os guardas descobriram na tela do scanner a silhueta de uma criança em posição fetal, um facto inédito neste ponto de controlo da cidade espanhola autónoma de Ceuta – enclave no norte de Marrocos -, numa das fronteiras terrestres entre a África e a União Europeia.
O Ministério Público pediu, inicialmente, três anos de prisão para o pai do menino, Ali Ouattara, de 45 anos, que tentou, através desta ação clandestina, reunir o filho com o resto da família em Espanha.
“A vida da criança foi posta em perigo, numa mala pequena sem ventilação”, disse o presidente do tribunal, Fernando Teson, resumindo a argumentação da acusação.
Entretanto, o Ministério Público acabou por aplicar apenas uma multa, de 92 euros, constatando que não se conseguiu provar que o arguido “sabia como o seu filho seria levado” para a Espanha e levando em conta o facto de ter passado um mês em prisão preventiva.
Os magistrados tomaram a decisão rapidamente, depois de ouvir a criança.
O rapaz, de 10 anos, contou aos juízes que foi a rapariga marroquina que o colocou dentro da mala, sublinhando que o pai lhe havia dito que atravessaria a fronteira de carro e que nunca tinha referido nas conversas a mala.