“Castigo Celeste”: o grupo secreto que fabrica drones letais na Ucrânia

Correio do Pantanal

2 abr 2022 às 19:17 hs
“Castigo Celeste”: o grupo secreto que fabrica drones letais na Ucrânia

A localização exata é um segredo. Em Lviv, no oeste da Ucrânia, entusiastas amadores fabricam discretamente drones letais destinados ao uso na guerra contra a Rússia.

Numa mesa cheia de objetos está a grande estrutura em forma de X de um drone, cercado por hélices de plástico e sacos com pequenos parafusos. O drone deve estar pronto para voar em breve, levando consigo uma granada antitanque do tamanho de uma garrafa de vinho capaz de perfurar a blindagem russa.

Outros dois artefactos já estão equipados com compartimentos de bombas e hélices em miniatura para atacar a infantaria russa. Outro, do tamanho de uma ave de rapina e em forma de bombardeiro furtivo, será usado pela artilharia para missões de reconhecimento, identificando alvos a serem atacados.

Desde o início da invasão russa da Ucrânia, o grupo Nebesna Kara (“Castigo Celeste”) já fabricou cerca de 40 drones para o exército ucraniano.

Grande procura

Especialistas estimam que as forças ucranianas carecem de homens e armas contra o exército russo. Mas a sua defesa obstinada, baseada no conhecimento do terreno, ataques relâmpagos e o uso de sabotagem tecnológica, fazem maravilhas. No início da invasão, Kiev parecia que cairia rapidamente perante uma enorme coluna blindada russa de 65 quilómetros. Equipas móveis armadas com drones terão desempenhado um papel fundamental no combate a essa ofensiva, identificando alvos para ataques aéreos, forçando os tanques a dispersar.

“É uma técnica de reconhecimento e precisão do fogo de artilharia”, explica Dmitri, um dos integrantes do grupo, que prefere não revelar o seu apelido por questões de segurança. “Atualmente há uma forte procura por estes equipamentos subversivos”.

O grupo, que também trabalha com a ajuda de 10 “assessores” e o conhecimento de 877 aficionados através de mensagens online, recebe pedidos de especialistas militares em zonas de conflito. As suas criações são feitas a partir de modelos de venda livre, peças impressas em 3D e componentes provenientes da China.

O exército ucraniano pediu doações para ajudar a defender o país. Grandes quantidades de “ajuda mortal” foram enviadas por nações estrangeiras e os cidadãos foram convidados a fazer uma contribuição financeira. Segundo Alex, um outro membro do grupo, o programa de drones funciona de forma semelhante. Os especialistas ensinam como operar o drone e são responsáveis por fabricá-lo à medida graças ao financiamento participativo.

Num canto da oficina, há embalagens com drones e peças de reposição. Um irá a Mykolaiv, onde um míssil atingiu o prédio da administração regional na terça-feira, matando pelo menos 35 pessoas. Pronto para ser enviado, vai acompanhado de uma nota escrita numa folha vermelha e azul, endereçada ao piloto ucraniano, mas talvez também às forças russas estacionadas nos arredores da cidade. “Grandes beijos de Nebesna Kara”, lê-se na nota.

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