CORREIO DO ESTADO

Um bebê de três meses morreu após dar entrada na Santa Casa, em Campo Grande, com um quadro de cardiopatia e ter esperado 30 horas para ser atendido por uma médica especialista. A criança também não recebeu os cuidados necessários nem antes e nem após passar pela cardiologista.
De acordo com o relatado pela mãe da criança no boletim de ocorrência, o bebê nasceu com uma cardiopatia congênita, mas estava fazendo acompanhamento médico antes de se submeter a uma cirurgia, contudo, já não precisa mais do uso de remédios.
Ainda segundo ela, a vítima começou a passar mal no domingo de manhã, 07 de maio,e foi levada à Santa Casa pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Além disso, o bebê já apresentava marcas roxas pelo corpo por falta de oxigenação no sangue.
Conforme o laudo médico registrado no dia da internação, quando chegou ao hospital já apresentava sinais de falta de consciência, mas recebeu o primeiro atendimento após esperar por quatro horas, quando foi colocado no suporte de oxigenação.
Ainda conforme registrado em boletim de ocorrência, o menino foi levado para a Área Vermelha do hospital, mas foi negado que a mãe o acompanhasse, embora o direito de ter um acompanhante em todos os setores seja garantido por lei. Após mais de cinco horas, o bebê ainda não tinha sido atendido por uma especialista.
De acordo com a mãe do menino, a demora se deu pelo fato do hospital não contar com um cardiologista pediátrico. A médica foi chamada para atender o caso apenas na segunda-feira porque, segundo o informado, ela estaria atendendo pacientes em sua clínica particular.
Exames mais específicos como o ecocardiograma só foram realizados às 18h00 da segunda, quando a criança estava na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O quadro de saúde era estável, mas, conforme o relato da mãe, foi informado que era preciso fazer mais avaliações para uma possível cirurgia de emergência, contudo, nenhuma outra informação foi passada para a responsável pela criança.
O menino, de apenas três meses, faleceu na terça-feira (9), após ter diversas paradas cardíacas e ser ressuscitado pela equipe médica que estava no local, porém, mais uma vez, sem a presença da cardiologista, que foi avaliar a criança apenas às 19h00, neste mesmo dia, quando a criança já estava com pouco tempo de vida.
“A criança morreu à míngua dentro de um hospital de referência em atendimento em crianças cardiopatia. Pois foram omissos e simplesmente deixaram morrer como se não fosse nada”, disse a advogada que representa a mãe da criança.
Ao final, de acordo com as informações passadas para a reportagem, o hospital ainda negou o pedido para realizar autópsia no corpo do bebê, alegando que a equipe médica já sabia a causa da morte. O falecimento foi registrado como uma infecção generalizada que levou à falência dos órgãos.
A reportagem entrou em contato com a Santa Casa, mas até o fechamento desta matéria não houve retorno. O espaço continua aberto para esclarecimentos.
ATENÇÃO: Comente com responsabilidade, os comentários não representam a opnião do Jornal Correio do Pantanal. Comentários ofensivos e que não tenham relação com a notícia, poderão ser retirados sem prévia notificação.