Aplicativo desenvolvido em Ribeirão Preto para crianças com Down analisa e corrige a fala

Correio do Pantanal

7 mar 2019 às 15:19 hs
Aplicativo desenvolvido em Ribeirão Preto para crianças com Down analisa e corrige a fala

Por EPTV 1


Aplicativo ajuda na comunicação de crianças com síndrome de Down
Aplicativo ajuda na comunicação de crianças com síndrome de Down

Um aplicativo desenvolvido na USP de Ribeirão Preto (SP) usa inteligência artificial para interpretar e avaliar a qualidade da fala de crianças com síndrome de Down. Através do som, ele auxilia no aprendizado da pronúncia correta das palavras e estimula o desenvolvimento.

Denominado de SofiaFala – por inspiração em uma criança conhecida do grupo que tem a síndrome -, o sistema está em fase de testes, mas deve estar disponível para download gratuito até julho deste ano, segundo Alessandra Alaniz Macedo, uma das coordenadoras do projeto.

“A gente pretendia que a criança, em casa, pudesse ter a prática do exercício fonoaudiólogo como se tivesse uma fonoaudióloga ali do lado”, afirma a pesquisadora.

USP de Ribeirão Preto desenvolve aplicativo que desenvolve a fala de crianças com Síndrome de Down — Foto: Reprodução/EPTV
USP de Ribeirão Preto desenvolve aplicativo que desenvolve a fala de crianças com Síndrome de Down — Foto: Reprodução/EPTV

A iniciativa surgiu de uma ideia da cientista da computação Marinalva Soares, de São José do Rio Preto (SP), insatisfeita com a falta de recursos para auxiliar a filha Sofia, que nasceu com síndrome de Down e que aos 3 anos ainda manifestava dificuldades na fala.

De acordo com dados estimados pela USP, um em cada 700 bebês no mundo nascem com Down, alteração genética no cromossomo 21 que compromete o desempenho intelectual. No Brasil, a síndrome atinge uma população estimada de 300 mil pessoas de diferentes idades.

Amiga de Alessandra, ela procurou a pesquisadora e sugeriu a elaboração, em conjunto, de um projeto para o desenvolvimento da tecnologia.

“Depois que Sofia nasceu, comecei a pesquisar muito sobre síndrome de Down e todas as dificuldades que eu poderia encontrar pela frente, diante de tudo que li, das pesquisas que fiz e o que pude constatar também com famílias, com pessoas que fui conhecendo, uma das maiores dificuldades na verdade seria com relação à fala e também o déficit intelectual”, diz.

Interface de aplicativo desenvolvido para crianças com Síndrome de Down em Ribeirão Preto, SP — Foto: Reprodução/EPTV
Interface de aplicativo desenvolvido para crianças com Síndrome de Down em Ribeirão Preto, SP — Foto: Reprodução/EPTV

Após a obtenção de um financiamento pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), o aplicativo começou a ser desenvolvido em 2016 por uma equipe multidisciplinar no Departamento de Computação e Matemática, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP. Fonoaudiólogos e cientistas da computação, além de profissionais de áreas como terapia ocupacional, engenharia biomédica e psicologia, foram mobilizados.

A plataforma, por enquanto compatível com o sistema Android e testado por pacientes de uma ONG, do Centro Integrado de Reabilitação do Hospital Estadual de Ribeirão Preto (CIR-HE), e de clínicas particulares, tem uma interface lúdica que convida a criança a experimentar as palavras e a avaliar seu desempenho como se fosse um jogo com direito a estrelinhas e aplausos como respostas.

De um estalo de língua a um sopro, os sons ali registrados pelo usuário, que pode fazer tudo sozinho, não só são analisados por algoritmos do aplicativo, como também são enviados a um fonoaudiólogo da família, que consegue acompanhar a evolução do paciente.

Inteligência artificial analisa qualidade da fala de crianças com Síndrome de Down em Ribeirão Preto (SP) — Foto: Reprodução/EPTV
Inteligência artificial analisa qualidade da fala de crianças com Síndrome de Down em Ribeirão Preto (SP) — Foto: Reprodução/EPTV

“É como se a gente estivesse substituindo o caderno que a fono passa para a criança na atividade domiciliar. O que acontece é que o caderno não dá uma resposta, então a criança faz o exercício e os pais não têm habilidade de entender se está certo ou não. O aplicativo vai dar este feedback que a fono vai proporcionar. Se está certo ou errado, que são as estrelinhas do aplicativo”, afirma a fonoaudióloga Bianca Bortolai Sicchieri.

De acordo com ela, o objetivo não é substituir a terapia presencial, mas sim melhorar as atividades que devem ser realizadas em casa. “Esses resultados vão diariamente para a fono, então ela consegue ter um valor semana, diário, mensal, para ver como a criança está indo em casa.”

Segundo a coordenadora do projeto, o aplicativo também poderá ser aplicado em crianças sem Down mas que apresentem distúrbios na fala, além de pacientes de outras idades que passaram a ter problemas de comunicação depois de terem acidentes vasculares cerebrais (AVC).

O grupo ainda busca parcerias com empresas para aprimorar os recursos do aplicativo.

“A gente precisa investigar a possibilidade desse aplicativo ser estendido para esta população também e essa questão de você também tornar o aplicativo de uso global. A gente quer que a população brasileira como um todo possa usar”, afirma Alessandra.

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