Ninguém reclama da realização do blocos, mas do “terror” enfrentado no encerramento das festividades
Danielle Valentim

“Pode ser TAC ou qualquer coisa, para gente sem noção regra é o de menos”. Essa é a afirmação de uma moradora do trecho da Avenida Mato Grosso entre a 13 de Maio e 14 de Julho. Ela está longe da aglomeração de pessoas que se concentram para curtir o Cordão da Valu, mas afirma sofrer depois que a festa acaba.
No espaço, os donos aproveitaram para alugar o banheiro. “Às 22h, o espaço da Esplanada se fecha e os banheiros não podem ser usados. Da última vez fizemos R$ 400”, disse.
Para um dos funcionários do tradicional Hotel Gaspar, localizado no cruzamento onde a concentração de foliões é maior, a dificuldade para dispersar os foliões é explicado pela falta de opção.
“Não tem lugar para ir. O pessoal nem está acostumado. Quando tem acaba cedo demais. Agora a ação da polícia de tirar o pessoal eu não concordo. Aqui do hotel nem dá para ouvir o som do Cordão e depois que o pessoal sai de lá ficam por aqui, andando, dançando. O certo é fazer esse evento num lugar aberto sem horário”, disse.
Prevenção – Nesta madrugada, miltares do Batalhão de Choque da Polícia Militar se adiantaram e antes de qualquer confusão impediram que multidão permanecesse aos arredores da Esplanada após encerramento do Cordão da Valu.
A ação de desobstruição das vias da região durou uma hora, mas os policiais precisam usar bombas e sprays.
Mas qual o combinado? O TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) entre a Prefeitura de Campo Grande e o Ministério Público do Estado garantiu a realização do Carnaval na Esplanada Ferroviária nos dias 2, 4, 5 e 9 de março, das 14h às 22h.
No documento, a Prefeitura se comprometeu com a estrutura de instalações elétricas, incluindo a vistoria de órgãos como o Corpo de Bombeiros, além do policiamento contínuo e permanente durante todos os dias de bloco. O contingente de militares e da Guarda Municipal também foi aumentado e ficou na dispersão do público após às 22h.
O Executivo também ficou responsável por fiscalizar o som e disponibiliza banheiros públicos suficientes ao público. O descumprimento poderia resultar em ajuizamento de Ação Civil Pública ou execução do acordo e até mesmo o cancelamento de novas festividades de Carnaval a partir de 2020.
O documento foi uma saída depois que o MP sugeriu a proibição da festa na Esplanada alegando risco ao patrimônio, uma vez que a área é tombada.