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2 janeiro 2021
O início de 2021 também marca o começo de reformas de grande impacto para a economia cubana.
Este 1º de janeiro, quando o triunfo da revolução cubana completa 62 anos, foi batizado de “Dia Zero” do seu sistema monetário.
E a partir de sexta-feira entrou em vigor uma moeda única, o peso cubano, ao câmbio de US$ 1 = 24 pesos.
Até agora, além do peso cubano, circulava também o peso conversível cubano, cujo valor equivalia a um dólar norte-americano.ADVERTISEMENThttps://133f6a37b71d8d936d9e032c55c05449.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-37/html/container.html
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Analistas dentro e fora de Cuba descrevem essas reformas como as mais significativas desde aquelas introduzidas na década de 1990 para aliviar a profunda recessão após o colapso da União Soviética, a principal benfeitora da ilha por anos.
As medidas chegam em um “momento complexo” para Cuba, com uma crise econômica agravada pela pandemia do coronavírus e o endurecimento das sanções por parte do governo norte-americano de Donald Trump.
Este contexto exacerbou a escassez de moeda estrangeira, alimentos, remédios e outros bens essenciais. E o governo cubano disse que sua economia contraiu 11% em 2020.
A isso se soma, ainda, uma maior visibilidade do descontentamento por parte da população devido ao maior acesso à internet e às redes sociais.
Procura por dólares
A reforma da moeda vinha sendo reivindicada há anos pela maioria dos especialistas econômicos, e as autoridades cubanas insinuaram repetidamente que o peso conversível desapareceria.
Mas a reforma chega em um momento difícil, com a economia cubana atingida pela queda do turismo por conta da pandemia, a longa crise na Venezuela — um de seus principais parceiros — e o endurecimento do embargo norte-americano.
Carmelo Mesa Lago, professor de Economia da Universidade de Pittsburgh, nos EUA, disse recentemente à BBC Mundo que a “situação é desesperadora”.
Os especialistas acreditam que Cuba vive um processo de desvalorização de sua moeda que acentua um comportamento cada vez mais frequente entre os cubanos: a busca desesperada de dólares.
As reformas afetam todos os aspectos do orçamento familiar de Cuba. As autoridades também disseram que isso envolverá uma “eliminação gradual de subsídios excessivos e gratificações indevidas”.
Embora o governo afirme que essas medidas são essenciais para acabar com décadas de ineficiência na economia socialista e aumentar a produtividade, os cubanos comuns têm feito cálculos desesperados sobre como sobreviver com base nos novos preços e salários e pensões.
Muitos cubanos temem que o aumento dos salários e das pensões não seja suficiente para cobrir a alta dos preços dos alimentos e dos bens básicos.
“Matemática não funciona para ninguém”, escreveu o leitor “Ricardo” em 24 de dezembro na mídia digital estatal Cubadebate, respondendo a um podcast do governo sobre as reformas.
Diante da preocupação, hoje mais visível pelo maior acesso dos cubanos à internet e às redes sociais, o governo cubano tem procurado, por meio de entrevistas televisivas e reportagens na mídia estatal, acalmar a população.
Por exemplo, após anunciar um aumento de até cinco vezes na conta de luz, o descontentamento da população tornou-se visível e o governo voltou atrás, afirmando que iria “reduzir” os aumentos planejados para a maioria dos proprietários.
“Acompanhamos as preocupações da população com interesse e respeito. Tudo o que precisa ser revisto será revisto e o que deve e pode ser corrigido será corrigido”, disse o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel.
A mídia estatal reconhece que as novas reformas exigirão sacrifício e trabalho e levarão tempo para surtir efeito.
“No curto prazo, os impactos positivos sobre a produtividade serão mínimos, segundo os acadêmicos”, informou a agência de notícias cubana Prensa Latina em 28 de dezembro.
Por outro lado, os exilados cubanos e os meios de comunicação dissidentes assinalam que as novas reformas geram dúvidas e temores, e que aumentam as críticas e o descontentamento.
No final de novembro, mais de 200 artistas, intelectuais e ativistas protestaram em frente à sede do Ministério da Cultura de Cuba depois que a polícia expulsou à força um grupo de jovens em greve de fome em Havana.
Esses jovens são membros do chamado Movimento San Isidro, um grupo de artistas e intelectuais que desafia o governo que eles consideram “repressivo”.
Tanto o governo quanto a imprensa oficial cubana acusam muitos dos manifestantes de receber “financiamento, apoio logístico e apoio de propaganda dos EUA”.
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