/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2017/t/6/z3VWlRSqa3cpRnI1K5iQ/rodrigo-janot.jpg)
O ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot foi ao Supremo Tribunal Federal (STF) na tarde desta segunda-feira (12) prestar depoimento, mas a defesa do empresário Joesley Batistadesistiu na hora de ouvi-lo.
Janot prestaria depoimento no processo em que será decidido se os acordos de delação premiada de quatro executivos do grupo J&F serão rescindidos (entenda o caso mais abaixo). Ele seria ouvido por um juiz auxiliar do ministro Luiz Edson Fachin, relator.
Ao deixar o Supremo, Rodrigo Janot disse avaliar que, por “cortesia”, poderia ter sido avisado antes da decisão.
Disse, ainda, que não houve justificativa para a desistência e, na avaliação dele, há um indício de que foi convocado como testemunha para ser constrangido.
“Pode ser que, e não afirmo também que isso aconteceu, era um interesse de constranger o então procurador-geral da República que subscreveu a peça em que se postula a rescisão desse acordo”, afirmou.
Defesa de Joesley
O advogado Técio Lins e Silva, que representa Joesley Batista, negou que o objetivo fosse constranger Rodrigo Janot, acrescentando que o depoimento se mostrou não ser mais necessário.
“Desistimos porque achamos que não era necessário. Ele já havia apresentado vários elementos, tinha dado entrevistas, expôs o suficiente e achamos que não seria necessário”, disse. “Ele não gostou de ser dispensado, ficou nervoso”, completou.
Outro advogado do empresário, Eugênio Pacelli, também negou que tenha havido tentativa de constranger o ex-procurador-geral.
“Não passou pela cabeça constranger, não faz sentido. ele estava chateado, já falou várias evzes sobre esse assunto e só achamos melhor não fazer [o depoimento]”, disse.

Pedido de rescisão
No ano passado, Rodrigo Janot, ainda no cargo de procurador-geral da República, pediu ao Supremo Tribunal Federal a rescisão do acordo de delação premiada de quatro executivos da J&F alegando omissão de informações nos depoimentos (relembre no vídeo acima).
Janot argumentou, na ocasião, que os delatores omitiram terem sido orientados pelo ex-procurador da República Marcello Miller enquanto ele ainda trabalhava no Ministério Público. Os delatores e Miller negam.
Delação da J&F
O processo que envolve as delações de executivos da J&F tem mais de 2.700 páginas, com 11 volumes e 23 apensos (provas complementares entregues pelos colaboradores, entre outros).
As delações foram validadas por Fachin em maio de 2017. Desde o início, os acordos geraram críticas no meio político em razão de o Ministério Público ter concedido aos delatores o maior benefício possível, a imunidade penal (impossibilidade de serem denunciados ou responderem a processos na Justiça).
Diante do que foi apresentado pelos delatores, a Polícia Federal deflarou a Operação Patmos. Os principais atingidos pelas delações foram o presidente Michel Temer e o senador Aécio Neves (PSDB-MG) – clique no nome do político para relembrar o que foi dito nos depoimentos.
O conteúdo das delações levou a Procuradoria Geral da República a denunciar Temer pelos crimes de corrupção passiva, organização criminosa e obstrução de Justiça. A Câmara dos Deputados rejeitou o prosseguimento dos processos para o Supremo, e a Justiça só poderá analisar o caso quando Temer deixar a Presidência.
No caso de Aécio, o senador chegou a ser afastado do mandatoparlamentar por determinação do STF, mas depois foi autorizado a exercer as atividades no Congresso Nacional. Em outubro, ele foi eleito deputado federal por Minas Gerais. O tucano é réu pelos crimes de corrupção e obstrução de Justiça.