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A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, afirmou nesta quarta-feira (12) no Parlamento alemão que “não há desculpa” para o ódio, a violência contra estrangeiros e o uso de palavras de ordem nazistas, após os protestos ultradireitistas no país, que classificou como “detestáveis”.
Em seu discurso no debate dos orçamentos para 2019, a chanceler disse entender a indignação dos cidadãos em relação aos recentes atos de violência, que supostamente foram cometidos por imigrantes, e afirmou que a Justiça cairá sobre os culpados, independentemente de sua nacionalidade.
“Estamos especialmente preocupados pelos delitos graves em que os supostos autores são solicitante de asilo”, disse Merkel. “Isso não nos surpreende… e esses delitos devem ser investigados, os autores devem ser levados ante a Justiça e punidos com toda a severidade da lei”, afirmou.
Merkel estava se referindo à morte de dois alemães em dois casos diferentes nas últimas três semanas, para os quais quatro requerentes de refúgio foram presos. Depois desses casos, manifestantes da extrema-direita saíram às ruas na cidade de Chemnitz para protestar contra imigrantes.
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Na maior manifestação realizada na cidade, da qual participaram 6 mil pessoas, neonazistas fizeram uma saudação com o braço estendido e homens mascarados jogaram pedras e garrafas contra um restaurante kosher gritando “judeus fora da Alemanha”. Em outro protesto, na véspera, vários estrangeiros foram atacados e feridos nas ruas.
Para Merkel, “não há desculpa ou justificativa” para as manifestações que se seguiram ao incidente em Chemnitz.
“Não há desculpa ou justificativa para o ódio, para o uso da violência por parte de alguns, os símbolos nazistas, a hostilidade contra as pessoas que têm uma aparência diferente, a ocupação de um restaurante judeu, ataques à polícia”, afirmou a chanceler.
Merkel reconheceu que, ao se manifestar, os cidadãos expressaram o quão “confusos” estão e que a obrigação da classe política é “levar a sério” as preocupações da população.
Mas, ao mesmo tempo, ela se referiu ao primeiro artigo da Lei Fundamental alemã onde diz que “a dignidade humana é inviolável” e acrescentou que, respeitá-la e protegê-la é obrigação de todo o poder público, assim como do restante da população.
Contra generalização
A chanceler também alertou contra a generalização de regiões e populações específicas, se referindo aos que consideram o leste da Alemanha, e em particular o estado federado da Saxônia, um bastião da extrema-direita.
Ela observou que “as generalizações estão erradas e totalmente fora de lugar”, e lembrou que esse mesmo princípio é aplicável quando se refere aos solicitantes de asilo que residem na Alemanha.
“Não vamos permitir grupos inteiros sejam marginalizados”, disse Angela Merkel, ressaltando que judeus, muçulmanos, cristãos e ateus fazem parte da sociedade alemã.
Merkel lembrou que, em um Estado de Direito, as regras existentes “não podem ser substituídas por emoções”.